sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Inclusão Reversa




O processo de inclusão tem sido crescente e incentivado de diversas formas e em vários âmbitos.

Estudantes e estudiosos somam esforços na tentativa de compreender e fomentar ações inclusivas, como os projetos de acessibilidade universal.


Governos e organizações têm se mobilizado por todo o planeta, instituindo leis de cotas e ostentando como grandes conquistas o fato do primeiro presidente negro de um certo país em crise, ou já em uma nação sem crise, a primeira presidente mulher (ou seria correto escrever errado e então falar a primeira presidenta?), para proporcionar situações de igualdade de condições às pessoas e populações em razão das suas diferenças.

Mas que diferenças seriam essas?



Ser diferente é intrínseco ao ser humano. Somos todos cada um porque somos todos diferentes. E como essa condição humana é sensacional.





Talvez então o que se busca são condições de igualdade em razão de ser desfavorecido, destituído de favor, em razão de ser negro ou albino, ou deficiente, ou incoordenado, ou ainda menos inteligente. Oliveira (2004) sugere que esse processo tem por finalidade uma aproximação de um grupo de pessoas que historicamente foram "excluídos ou deixados de lado". Excluídos são aqueles rejeitados, marginalizados e fundamentalmente desprovidos de oportunidades (genéticas, sociais, financeiras, afetivas). E essa situação não é necessariamente completa e total, fazendo com que encontremos um que esteja incluído em determinado meio social, mas alijado de outros contextos e, como tratam Passerino & Montardo (2007), sem que hajam contradições nesse fato.

Tema complicado... Mas a vida é!

Não quero fazer uma dissertação a respeito da inclusão, o assunto somente foi introduzido nesse espaço porque o que quero apresentar aqui tem uma relação direta com uma compreensão mais ampla da agenda inclusiva.. Inclusão no esporte!

O estrondoso sucesso dos Jogos Paralímpicos de Londres nesse ano, associado com o excelente desempenho dos atletas brasileiros, despertou em muitos o interesse pelo esporte paralímpico. Assistir, acompanhar e torcer durante os jogos de basquete em cadeira rodas, voleibol sentado, goalball, além de se emocionar nas provas de natação e atletismo com os atletas superhumanos.

Mas me recordo de um evento em 2007. Uma grande amiga e professora de educação física levou seus três filhos para assistir a um jogo de basquete em cadeira de rodas da seleção brasileira no ParaPan do Rio de Janeiro. Ao final da partida, seu filho mais novo, naquela época com 4 anos, manda essa: "mãe, já sei o que vou ser quando crescer, jogador profissional de basquete em cadeira de rodas!!!!". Ela como excelente educadora soube falar as palavras certas naquele momento, explicando para a criança coisas da vida...

Mas sem menosprezar o momento de aceitação das diferenças, de oportunidade de convivência entre os excluídos e incluídos (soou estranho essa expressão) e o vislumbre do início de uma cultura de compreensão e valorização quanto ao diferente, resta em mim o pensamento de quão injusta é a vida.

Explico: no tremendo esforço de incluir, criamos um novo nicho de exclusão.

O Dudu (filho da Cris, que é professora de educação física e levou seus filhos pra assistir a uma partida de basquete em cadeira de rodas), em condições naturais da sua vida, nunca vai poder ser um jogador profissional de cadeira de rodas. Mas é pior ainda, ele dificilmente terá a oportunidade de brincar, aprender, divertir-se praticando essa modalidade. Dudu faz parte de uma geração de excluídos do esporte paralímpico. Geração favorecida ao acompanhar com imagens de alta definição os Jogos Paralímpicos de Londres, mas desfavorecida por estar impedida de praticar as modalidades em que os novos heróis brilham...

Logicamente não estou falando em correr com as próteses do Oscar Pistorius. Ou seriam melhores as do Alan Fonteles? Enfim, qualquer condição semelhante seria absurda.


Visualizo, entretanto, a inserção de modalidades paralímpicas no currículo escolar, cadeiras de rodas esportivas como parte do material das aulas de educação física, pais matriculando seus filhos em escolinhas de goalball, crianças jogando peladas de voleibol sentado nas quadras, handbikers nos parques...

Mas ainda alço vôos mais altos: torneios escolares em que todos podem jogar juntos as mesmas modalidades, triatletas buscando superação máxima ao trocarem o IronMan por provas de triatlon utilizando handbikes e cadeira de rodas para corrida, atletas não deficientes sendo convidados a integrarem equipes de basquete em cadeira de rodas, grupos de corrida que oferecem treinos adaptados em cadeira de rodas, maratonistas sem deficiência visual completando provas vendados e com auxílio de um guia...

Loucura ou quebra de paradigmas?

Meu intento é despertar um pensamento crítico e um fórum de discussão, ainda que somente internamente, quanto ao processo de inclusão daqueles que agora estão excluídos do processo de inclusão anterior. A isso chamo, inclusão reversa!

E o Dudu agradece...

terça-feira, 27 de novembro de 2012

"Uma aula de Educação Física nada convencional"


Como bom professor de Educação Física, gostaria de deixar com vocês um aquecimento para o assunto que irei tratar em outro post.

O título está em aspas pois não é de minha autoria, mas sim a introdução da reportagem do vídeo. Concordo mas discordo. Realmente parece ser não convencional.

Mas o que deve ser uma aula de Educação Física? O corpo humano em suas diversas formas de movimento seria mesmo  nada convencional?

Sem mais delongas, eis o aquecimento.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Penso, logo Guigo Lopes!




Pensei, pensei e após muito querer e assim mesmo relutar, decidi conectar... Fazer conexão das minhas idéias, das minhas experiências, dos meus conhecimentos e do que mais acontecer com quem se ligar.

Não irei me vangloriar: "sei que vocês irão aprender muito e talvez meus ideais poderão um dia revolucionar o mundo blá blá blá". Nem tampouco fazer um draminha característico: "tenho certeza que minhas coisas não serão do interesse de uma grande maioria, blá blá blá".

Simplesmente quero deixar registrado que tenho muita vontade em voltar a fazer algo que me atrai: a arte ou a árdua tarefa de comunicar pela escrita; e porque também imagino que as idéias compartilhadas rendem mais frutos que enterradas.

E assim começamos...