Estudantes e estudiosos somam esforços na tentativa de compreender e fomentar ações inclusivas, como os projetos de acessibilidade universal.
Governos e organizações têm se mobilizado por todo o planeta, instituindo leis de cotas e ostentando como grandes conquistas o fato do primeiro presidente negro de um certo país em crise, ou já em uma nação sem crise, a primeira presidente mulher (ou seria correto escrever errado e então falar a primeira presidenta?), para proporcionar situações de igualdade de condições às pessoas e populações em razão das suas diferenças.

Mas que diferenças seriam essas?

Ser diferente é intrínseco ao ser humano. Somos todos cada um porque somos todos diferentes. E como essa condição humana é sensacional.
Talvez então o que se busca são condições de igualdade em razão de ser desfavorecido, destituído de favor, em razão de ser negro ou albino, ou deficiente, ou incoordenado, ou ainda menos inteligente. Oliveira (2004) sugere que esse processo tem por finalidade uma aproximação de um grupo de pessoas que historicamente foram "excluídos ou deixados de lado". Excluídos são aqueles rejeitados, marginalizados e fundamentalmente desprovidos de oportunidades (genéticas, sociais, financeiras, afetivas). E essa situação não é necessariamente completa e total, fazendo com que encontremos um que esteja incluído em determinado meio social, mas alijado de outros contextos e, como tratam Passerino & Montardo (2007), sem que hajam contradições nesse fato.
Tema complicado... Mas a vida é!
Não quero fazer uma dissertação a respeito da inclusão, o assunto somente foi introduzido nesse espaço porque o que quero apresentar aqui tem uma relação direta com uma compreensão mais ampla da agenda inclusiva.. Inclusão no esporte!
O estrondoso sucesso dos Jogos Paralímpicos de Londres nesse ano, associado com o excelente desempenho dos atletas brasileiros, despertou em muitos o interesse pelo esporte paralímpico. Assistir, acompanhar e torcer durante os jogos de basquete em cadeira rodas, voleibol sentado, goalball, além de se emocionar nas provas de natação e atletismo com os atletas superhumanos.
Mas me recordo de um evento em 2007. Uma grande amiga e professora de educação física levou seus três filhos para assistir a um jogo de basquete em cadeira de rodas da seleção brasileira no ParaPan do Rio de Janeiro. Ao final da partida, seu filho mais novo, naquela época com 4 anos, manda essa: "mãe, já sei o que vou ser quando crescer, jogador profissional de basquete em cadeira de rodas!!!!". Ela como excelente educadora soube falar as palavras certas naquele momento, explicando para a criança coisas da vida...
Mas me recordo de um evento em 2007. Uma grande amiga e professora de educação física levou seus três filhos para assistir a um jogo de basquete em cadeira de rodas da seleção brasileira no ParaPan do Rio de Janeiro. Ao final da partida, seu filho mais novo, naquela época com 4 anos, manda essa: "mãe, já sei o que vou ser quando crescer, jogador profissional de basquete em cadeira de rodas!!!!". Ela como excelente educadora soube falar as palavras certas naquele momento, explicando para a criança coisas da vida...
Mas sem menosprezar o momento de aceitação das diferenças, de oportunidade de convivência entre os excluídos e incluídos (soou estranho essa expressão) e o vislumbre do início de uma cultura de compreensão e valorização quanto ao diferente, resta em mim o pensamento de quão injusta é a vida.
Explico: no tremendo esforço de incluir, criamos um novo nicho de exclusão.
O Dudu (filho da Cris, que é professora de educação física e levou seus filhos pra assistir a uma partida de basquete em cadeira de rodas), em condições naturais da sua vida, nunca vai poder ser um jogador profissional de cadeira de rodas. Mas é pior ainda, ele dificilmente terá a oportunidade de brincar, aprender, divertir-se praticando essa modalidade. Dudu faz parte de uma geração de excluídos do esporte paralímpico. Geração favorecida ao acompanhar com imagens de alta definição os Jogos Paralímpicos de Londres, mas desfavorecida por estar impedida de praticar as modalidades em que os novos heróis brilham...
Logicamente não estou falando em correr com as próteses do Oscar Pistorius. Ou seriam melhores as do Alan Fonteles? Enfim, qualquer condição semelhante seria absurda.
Visualizo, entretanto, a inserção de modalidades paralímpicas no currículo escolar, cadeiras de rodas esportivas como parte do material das aulas de educação física, pais matriculando seus filhos em escolinhas de goalball, crianças jogando peladas de voleibol sentado nas quadras, handbikers nos parques...
Mas ainda alço vôos mais altos: torneios escolares em que todos podem jogar juntos as mesmas modalidades, triatletas buscando superação máxima ao trocarem o IronMan por provas de triatlon utilizando handbikes e cadeira de rodas para corrida, atletas não deficientes sendo convidados a integrarem equipes de basquete em cadeira de rodas, grupos de corrida que oferecem treinos adaptados em cadeira de rodas, maratonistas sem deficiência visual completando provas vendados e com auxílio de um guia...
Loucura ou quebra de paradigmas?
Meu intento é despertar um pensamento crítico e um fórum de discussão, ainda que somente internamente, quanto ao processo de inclusão daqueles que agora estão excluídos do processo de inclusão anterior. A isso chamo, inclusão reversa!
E o Dudu agradece...
E o Dudu agradece...
É isso ai, Gui! Inclusão reversa poder ser reversível... Parabéns pelas reflexões! Nós pensamos muito sobre isso e temos que dividir, compartilhar, conectar, trocar. Te seguindo... Valeu!
ResponderExcluirIsso aí Professor Rodrigo! Legal poder falar sobre o que a gente gosta e acredita não é mesmo?
ExcluirNo blog tem um espaço que você deixa seu email e a cada novo post você recebe um comunicado pra voltar por aqui.
Vamos em frente!
É isso aí!
ResponderExcluirEu já comecei te seguir, literalmente falando.
Manda mais q eu vou fazendo...
Acho q chegou a hora de pedir as cadeiras de rodas.
Vamos ver no q vai dar...
Amei o titulo: INCLUSÃO REVERSA
Olha aqui a artista da reportagem do post anterior! Seja bem-vinda professora! Cadastra seu email pra receber as atualizações sempre que tiver nova postagem.
ExcluirOutro dia eu volto pra falar mais sobre o conceito Inclusão Reversa, que não é algo criado por mim.
Oi Guigo,
ResponderExcluirTomara que a sua "profecia" vire realidade, será importante para o crescimento de todos os indivíduos. Hoje é o dia internacional da pessoa com deficiência e me dou conta que somos todos deficientes porque não somos perfeitos.
Parabéns e sucesso com o blog.
Bjs, Tati
Oi Tati!
ExcluirO blog já é um sucesso. Ter amigos como você passando por aqui, podendo compartilhar suas idéias e divulgar as nossas trocas já é o cumprimento da meta do blog.
Tomara mesmo que um dia possamos estar mais próximos uns dos outros apesar das nossas diferenças e imperfeições. Enquanto isso, vamos fazendo isso todo dia, pouco a pouco.
Valeu a participação... Beijos
Caramba Guigo, q viagem maneira!! Meio loucura com utopia nos dias de hj, mas sensacional! Rsrs... To contigo! Teria adorado brincar de cadeira de rodas antes de precisar de uma. Ia ter mudado minha cabeça pra enfrentar esse momento! Bjo Carlinha
ResponderExcluirOi Carlinha. Sensacional seu depoimento. Só fortalece ainda mais o que acreditamos. Valeu muito sua passagem por aqui e vamos continuar brincando de cadeira de rodas mesmo hoje... Beijos
ExcluirÉ isso aí Gui, acho que essa quebra de paradigmas é o que está faltando. Observando melhor algumas pessoas, principalmente crianças dá para perceber no olhar e em algumas atitudes o despertar da vontade de saber melhor como é estar ou mesmo brincar em uma cadeira de rodas. Tenho como exemplo uma das minhas sobrinhas que hoje já está com seis anos e para ela
ResponderExcluirQue já convive com uma pessoa próxima é "natural" se assim posso dizer e nas amiguinhas dela eu percebo aquele olhar de curiosidade e falta de qualquer tipo de informação ou contato. Enfim, inclusão reversa! Adorei. Beijo
Fernanda, sua sobrinha já está com seis anos?? Nossa!!!! Mas muito legal sua impressão. Naturalmente os paradigmas estão sendo quebrados. O que proponho é que tenhamos cada vez mais ações diretivas nesse sentido, e acredito que essa proposta da inclusão reversa em ambientes escolares e esportivos pode causar uma grande transformação.
ExcluirValeu ter contribuído nesse espaço. Beijo
Oi Gui! Adorei essa ideia...mas infelizmente há mto oq se mudar ainda em questões de educação no Brasil...talvez se eu tivesse tido este contato mais de perto com uma cadeira de rodas qdo criança, não teria encarado a mesma como um "bicho de sete cabeças" no início da lesão...esta inclusão reversa tb é interessante p/ fomar cidadãos sem preconceitos e uma sociedade mais inclusiva e participativa, sem "forçar a barra"! Bjss!! Lívia.
ResponderExcluirSensacional Livia Murari! Obrigado pela sua participação. Você mandou super bem. Claro que o objetivo não é preparar pessoas para uma situação de lesão. Mas caso isso aconteça, alguns aspectos de saúde seriam encarados de forma muito diferente. Quanto à formação de cidadãos sem preconceitos e uma sociedade mais inclusiva, creio que seja isso mesmo. Valeu um monte! Beijo e volte sempre!
ExcluirTio Gui, acho que a ideia de incluir modalidades paralímpicas na escola vai muito além de praticar um exercício físico. Concordo plenamente com a Livia. Hj, qdo lembro dos meus colegas de ensino fundamental e médio me dou conta do quanto me foi negado o direito de conviver com a diversidade. Nunca tive um colega com deficiência, acho que por isso sofri horrores quando me tornei cadeirante. Precisei desconstruir a pena que eu tinha de mim mesma e isto ñ é uma tarefa fácil. Acredito na possibilidade de colocar em prática a tua sugestão, descarto a utopia pq as verbas do MEC muitas vezes ñ são utilizadas por falta de projeto. Siiiiiiiiiiim, isto acontece no Brasil e temos o hábito de reclamar, reclamar e reclamar sem pensar que o todo é constituído por partes e essas partes somos “nozes”... Fui clara?? Beijocas, Carlena.
ResponderExcluirClaríssima!!! kkkkk Adorei seu comentário! Eu acredito que as pessoas não precisam ter amigos ou colegas com deficiências para serem sensibilizados quanto a esses aspectos. Intervenções simples podem contribuir de forma muito positiva nas escolas e outros ambientes da socidade! Mas estamos caminhando... ou rodando! Vamos todos juntos! Obrigado
ExcluirAchei um barato essa linha de pensamento, é por ai que se molda uma nova sociedade. É dando a oportunidade a experimentar novas modalidades, nova formas de praticar o mesmo esporte, tendo assim a oportunidade de se colocar na mesma condição que o “deficiente” muda a visão que se tem sobre ele, sobre a condição dele. Afinal preconcenceito significa: conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério.
ResponderExcluirParabéns Gui. Bjs Gre
Professora Greice! Obrigado pela contribuição. Vamos fazer as coisas diferentes! Beijo
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